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Agosto chegou e com ele a tralha que forra a antecâmara das eleições autárquicas. O bulício dessa gente que nos quer representar atiça e inquieta os mais experimentados olhos de um tuga há muito penado. Nos dias que correm, é impossível pensar em eleições sem relacioná-las com uma estrutura de marketing atuando em todos os segmentos do eleitorado.

A propaganda eleitoral deixou de se confinar somente ao ritual de imprimir alguns milhares de folhetos e cartazes coloridos que rasgam os muros da urbe com o nome de um qualquer candidato.

De igual modo, as campanhas eleitorais deixaram de ser intuitivas para serem racionais. Os bitaites gratuitos cederam lugar à sondagem. Os temas principais, com determinadas palavras de ordem - genericamente corretas mas aleatórias - têm agora origem em slogans com juízo e estratégia. Em resumo, a propaganda política deixou para trás o amadorismo para ser o ofício confiado a profissionais.

"Infelizmente, este é, cada vez mais, um jogo com cartas marcadas. Os partidos políticos, sendo controlados por uma classe vocacionada para a defesa de interesses nem sempre confessáveis, são hoje usualmente descritos como estruturas que dificultam a renovação democrática, arrasando o lirismo dos que a conceberam como (mais) um meio através do qual a Democracia poderia ser estribada. 

Socorrendo-me da rudeza das evidências, e aceitando comparar campanhas de produtos e serviços, concretizo: de um lado estará o produto/serviço; do outro, o mercado consumidor. Na campanha eleitoral, de um lado ficará o candidato e do outro os eleitores.

Infelizmente, este é, cada vez mais, um jogo com cartas marcadas. Os partidos políticos, sendo controlados por uma classe vocacionada para a defesa de interesses nem sempre confessáveis, são hoje usualmente descritos como estruturas que dificultam a renovação democrática, arrasando o lirismo dos que a conceberam como (mais) um meio através do qual a Democracia poderia ser estribada. Daí que os partidos políticos estejam em crise e virtualmente à beira de uma perigosa ruína. Dantes julgados como elemento imprescindível à conservação do governo representativo e um elemento essencial à estabilização e funcionamento harmonioso da moderna democracia de massas, os partidos políticos apresentam-se frequentemente como organizações obsoletas e antiquadas.

Não obstante, cumpre reconhecer que, para preservar e proteger os direitos e as liberdades individuais, um povo democrático deve trabalhar em conjunto para regular o governo que escolher. E a maneira principal de fazer isso é (ainda) através dos partidos políticos.

Em consequência, exorta-se o cidadão eleitor a não sucumbir ao linguajar delicodoce de muitos candidatos que agora se revelam atentos e sensíveis. Por mais passeios calcetados ou caminhos pavimentados, que porventura esperaram uma dúzia de anos para conhecerem a luz do dia, cada um deve perguntar-se se é tolerável aceitar que um determinado equipamento público, viabilizado com os impostos de ricos e pobres, inclua no seu orçamento 33 000€ para deslocações e 44 000€ para os sempre convenientes “DIVERSOS”. Questionem-se! Afinal, de que valerá, por exemplo, construir uma escola de raiz se, num universo de 15 salas/turmas, cada professor só dispõe de um (!!) computador de 1994 e as crianças não têm onde estar em dias de consecutiva e severa invernia?

NOTA FINAL - Luís Filipe Conceição (1946 - 2013). No passado dia 20 de julho, fui surpreendido com a infausta notícia do passamento do professor Luís Filipe Conceição. Foi meu professor de Educação Física. Mais tarde, recorri ao seu conhecimento para me ajudar num trabalho universitário. Graças à sua confiança, iniciei a minha carreira de professor na Escola Secundária de Albergaria-a-Velha. Era Presidente do então denominado Conselho Diretivo. Tive, por isso, o privilégio de o ter como colega. Partilhámos vários jantares enquanto colaboradores do Jornal de Albergaria. Guardarei para sempre a memória de um homem bom, generoso e leal. Sinto necessidade de dar esse testemunho porque manda a humildade ser grato com aqueles que nos fizeram (o) bem. Estou devastado e ainda incrédulo. Os meus pensamentos e orações estarão sempre com a família.

© José Manuel Alho
(Artigo de Opinião publicado na última edição do jornal "Correio de Albergaria.)




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